Exmos Amigos,
Pediram-me para recordar nesta homenagem duas Figuras ilustres, valores duma geração que também vivi.
Inicio pelo António Portugal.
A saudade é a Memória do Tempo e do Coração.
I – ANTÓNIO PORTUGAL
O Homem
O Artista
O Cidadão Político, Estudante da Faculdade de Direito e lutador pelos ideais da Liberdade
Neste feliz encontro, vou partilhar convosco algumas recordações, dum Artista incontornável, que se entregava aos outros mais que a ele próprio.
Na sua sinceridade lutava pelos seus ideais de liberdade, tendo sido atingido por Ingratidões Desleais, que lhe custaram como que um afastamento, cortando-lhe os estudos Universitários.
Quanto ao seu temperamento existia para além do seu virtuosismo, uma força humana e criativa, que eu traduzo na sua Música, que ia compondo, para os poemas que ele sentia vincadamente como temas ligados à Eternidade do Fado Coimbrão.
Aqueles acordes lindíssimos que subjugavam o cantor e os ouvintes são eternos, constituindo uma relíquia dum passado de riqueza cultural.
Guindou-se ao Estrelato dos Eternos e abraçou a pujança da sua Arte pelo virtuosismo que era possuidor.
Aliás, não é só na minha opinião, que o Portugal, nos seus acompanhamentos de grande sensibilidade, se revela como um guitarra exímio e criativo, nomeadamente nos anos 60, em que o Adriano interpreta a Trova do Vento que Passa, e ainda a Trova do Amor Lusíada, no Pensamento e na Capa Negra, Rosa Negra.
Estes temas constituem o símbolo duma contestação, que agitaram o ambiente Politico dessa Época.
Mais tarde, nos anos 66, o Portugal com Francisco Martins e Luís Filipe, acompanham o Bernardino, nas Guitarras do Meu País, Flores para Coimbra, Fado para um Amor Ausente, Trova do Vento que Passa, Canção do Exílio, Canto da nossa Tristeza.
Não devemos esquecer que já nos anos 54-55, fez parte do célebre Quinteto, Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista, gravando em Paris, um belíssimo disco, com o nosso magnífico Luiz Goes.
No seu Fado em que diz “O meu Fado é o meu Canto” ou nas “Guitarras do meu País” poema do Manuel Alegre, sentimos o seu Espírito de Criatividade Musical e de Revolta.
Estive num grande Concerto, na Torre de Belém, em que juntamente com o Brojo e as violas de Aurélio Reis e do Luís Filipe, se apresentaram num memorável espectáculo, em que as guitarras nos davam a sensação dum diálogo, em maravilhosas execuções, freneticamente aplaudidas pela assistência que enchia o recinto.
Certa noite, já em Lisboa a braços com a minha luta no Hospital de S. José, tive o ensejo de ir ouvir o nosso Orfeon Académico de Coimbra, num Sarau no Palácio dos Desportos.
No final o Paradela cantou acompanhado pelo Bagão com sucesso, bastante aplaudido.
O Portugal veio arrancar-me do lugar em que estava sentado e disse - Camacho vem comigo que te vou acompanhar na “Sé Velha”.
De repente rendi-me à sonoridade dos acordes maravilhosos por ele desenhados, na sua Mágica Guitarra, e já ninguém me segurava, a reviver a saudade que senti nesse Momento.
Juro que os agradecimentos dos Aplausos à mistura de vibrantes manifestações ainda hoje me despertam a minha Alma Académica, que é o que me resta, para o resto da vida, e senti naquele momento a devoção do Portugal para com o enorme significado, da palavra Solidariedade.
O Portugal vive connosco e aqui lhe rendo a justiça do seu valor, com eterna gratidão.
Não posso deixar de recordar neste momento, a paixão que dedicava à Fotografia.
Ainda em vida dele, visitei uma Exposição dessas Fotografias patentes num recinto em frente ao Portugal dos Pequeninos, e recentemente no Pavilhão Portugal, onde também estive.
Fixei-me numa imagem atraente duma Corda poderosa, enrolada em nó bem apertado, a uma Argola de Ferro, por sua vez cravada no granito do solo, como é usual nos Cais e Portos de Abrigo, a segurar barcos atracados. Deu-me a impressão que o seu Espírito, encontrou nessa imagem, a ideia duma sensação de Força, de resistência e de Segurança Tenaz para alívio dos seus mais profundos Ideais.
Sofri com grande desgosto o seu desaparecimento e vou revelar, o trágico momento que me calou profundamente na minha Alma.
O Manuel Alegre disse-me que o foi visitar no Hospital onde ele estava a ser seguido, e que lhe disse – Olha que o Camacho te envia um grande Abraço, a que se seguiu uma lágrima que lhe rolou pela face, como que numa última mensagem.
Passo agora à minha segunda recordação e vou lembrar o António Pinho Brojo.
II – ANTÓNIO PINHO BROJO
O Homem
O Artista
O Professor Catedrático e Vice-Reitor da U. de Coimbra, Vice-Bastonário da Ordem dos Farmaceuticos, Participante da Comissão Científica do Instituto Nacional de Investigação Científica
Quando em 1944 cheguei à Eterna Cidade do Mondego, Saudosa Coimbra, recheado de sonhos e da Força da Vida, encontrei o ambiente maravilhoso da Noite, em que a altas horas, se ouviam as Serenatas, envoltos nas capas e guiados pela Boémia Sadia, despida do bafon, e inundada por uma cultura musical, romântica, que faziam bem ao Espirito e à nossa Alma.
Surgiam assim as tradições que nos subjugavam pela força duma Academia e duma Universidade em que a Ciência nunca estagnou.
Era pois a Coimbra que despontava, nos horizontes, acessíveis à ânsia dos nossos anseios.
E nessa riqueza, embrenhados pela Solidariedade que nos irmanava, fui encontrar o génio criativo, duma guitarra de sons misteriosos, de Acordes inigualáveis, e que era o António Brojo.
Ainda hoje, recordo a força com que pisava as cordas, a quem um dia José Régio chamou “os dedos em garra” referindo-se ao Artur Paredes.
O Brojo sentia esse jeito, e força espiritual, para nos surprender, com a vitalidade soberana, com que os sons surgiam, em Acordes inigualáveis, e chegavam até à nossa Alma.
Visitava-o no Calhabé, junto à linha férrea, e ali com o Rodrigues crítico de pintura e que nos chamava a atenção para os Nocturnos do Hébil, e acompanhava o Brojo, segurando os acordes, como 2º guitarra, daquele virtuoso Artista.
A força que projectava, em sons vibrantes e maviosos, obrigava o cantor, a seguir e respeitar o ambiente musical, que se criava nesses saudosos Ensaios.
Por lá aparecia também o Meleiro e o Tavares de Melo, que eram os violas do grupo.
Assim se preparavam as saídas nocturnas, para as Serenatas, ao longo da Noite e pelas Ruas e Vielas, quer no Burgo da Alta, quer junto ao Penedo e à Sé Velha.
Era o início dum Futuro e dum Caminho, recheado de plenos êxitos, desse nosso saudoso Brojo, alma duma guitarra, que se impôs pela Arte genial, com que a segurava e tocava como ninguém, enrolando-se nela e curiosamente por vezes balançando para um e outro lado debruçado sobre as cordas e o som vibrava, em acordes que nos enriqueciam o Espirito pela beleza da ondulação musical.
Naturalmente que para além da Execução existiam nele os atributos indispensáveis a qualquer artista, de elevada qualidade, atributos esses genéticos e que eu penso serem a intuição, a interpretação, a sobriedade e a personalidade, podendo esta última ser aperfeiçoada pela experiência e pelas vicissitudes sofridas ao longo do tempo.
Tudo isso conduz ao virtuosismo destes grandes executantes e a qualquer raro Artista.
Junto à magia desse virtuosismo, havia o Homem da Solidariedade, sempre bem disposto, e assim foi enriquecendo a sua cultura musical.
Recordo já com muita saudade, a Homenagem em vida, que lhe foi prestada no Teatro Gil Vicente, pelos seus alunos da Faculdade de Farmácia, pela Universidade e Reitoria dessa mesma Universidade.
Brindou toda a assistência, completa desse Teatro rendida ao seu virtuosismo, patente quer nas suas Variações, quer nas Introduções e Acompanhamentos dos Cantores.
Assim também decorreu num Espectáculo na Aula Magna de Lisboa, e nomeademente no Centro Cultural de Belém, em que se homenagearam os 40 anos do seu Grupo “Guitarras e Cantares de Coimbra”, que foi outro grande sucesso e com a presença do Portugal, do Rui Pato, do Aurélio Reis e do Luis Filipe, e ainda dos cantores Luiz Goes, do Bernardino, do Mesquita e de mim próprio.
Fez parte da Tuna Académica e do Orfeon dessa geração dos Anos 40 e 50, integrado no Grupo de Fados e Guitarradas, com que se terminavam os Espectáculos, apresentando uma Serenata de Coimbra e que era sempre um grande sucesso.
O Brojo, aliava à sua vida artística, a outra, devoção ao Estudo, que sempre o acompanhou desde o Liceu até ao seu Doutoramento em Farmácia, que o conduziu à Cátedra da Faculdade de Farmácia, e a Vice-Reitor da Universidade de Coimbra e ainda de Vice-Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos.
Foi também participante da Comissão Científica do Institulo Nacional de Investigação Científica.
Além disso era um belíssimo orador que seduzia a aderência dos participantes de Congressos, criando a admiração dos seus colegas, e a devida admiração e amizade dos seus alunos.
Era pois comunicativo e dum temperamento sempre radioso, óptimo contador de histórias académicas que reproduzia com a graça irreverente que o completava.
Conta-se que no convite que lhe foi feito para assumir o cargo de Vice-Reitor da Universidade, só aceitou a Honrosa Distinção, com a condição de continuar a sua vida cultural, ligado à arte da sua admirável guitarra, o que foi dignamente aceite e aplaudido.
Certa noite foi à minha República, que era também do Camilo Araújo Correia, que herdou do pai a arte de bem saber escrever, como brilhante contista, do seu irmão João de Araújo Correia ilustre advogado, do Louzã Henriques, do Flávio, outro advogado, orador de qualidade, do célebre Tossan e do poeta Herbert Helder e Fernando Quintela e de outros belíssimos componentes dessa geração 40-50.
No final do jantar, o Camilo brindou-o e referiu que de Futuro, era o convidado de Honra, pela sua Arte Musical, e pelo belíssimo Companheiro de belíssimo Convívio Fraternal, e dum Óptimo Humanista Comunicativo, atributos de que era possuidor.
Desta forma, assim termino a minha participação num Abraço a todos vós que cumprimos a nossa Homenagem a dois Dignos Expoentes da nossa Guitarra e Canção Coimbrã.
Camacho Vieira
Pediram-me para recordar nesta homenagem duas Figuras ilustres, valores duma geração que também vivi.
Inicio pelo António Portugal.
A saudade é a Memória do Tempo e do Coração.
I – ANTÓNIO PORTUGAL
O Homem
O Artista
O Cidadão Político, Estudante da Faculdade de Direito e lutador pelos ideais da Liberdade
Neste feliz encontro, vou partilhar convosco algumas recordações, dum Artista incontornável, que se entregava aos outros mais que a ele próprio.
Na sua sinceridade lutava pelos seus ideais de liberdade, tendo sido atingido por Ingratidões Desleais, que lhe custaram como que um afastamento, cortando-lhe os estudos Universitários.
Quanto ao seu temperamento existia para além do seu virtuosismo, uma força humana e criativa, que eu traduzo na sua Música, que ia compondo, para os poemas que ele sentia vincadamente como temas ligados à Eternidade do Fado Coimbrão.
Aqueles acordes lindíssimos que subjugavam o cantor e os ouvintes são eternos, constituindo uma relíquia dum passado de riqueza cultural.
Guindou-se ao Estrelato dos Eternos e abraçou a pujança da sua Arte pelo virtuosismo que era possuidor.
Aliás, não é só na minha opinião, que o Portugal, nos seus acompanhamentos de grande sensibilidade, se revela como um guitarra exímio e criativo, nomeadamente nos anos 60, em que o Adriano interpreta a Trova do Vento que Passa, e ainda a Trova do Amor Lusíada, no Pensamento e na Capa Negra, Rosa Negra.
Estes temas constituem o símbolo duma contestação, que agitaram o ambiente Politico dessa Época.
Mais tarde, nos anos 66, o Portugal com Francisco Martins e Luís Filipe, acompanham o Bernardino, nas Guitarras do Meu País, Flores para Coimbra, Fado para um Amor Ausente, Trova do Vento que Passa, Canção do Exílio, Canto da nossa Tristeza.
Não devemos esquecer que já nos anos 54-55, fez parte do célebre Quinteto, Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista, gravando em Paris, um belíssimo disco, com o nosso magnífico Luiz Goes.
No seu Fado em que diz “O meu Fado é o meu Canto” ou nas “Guitarras do meu País” poema do Manuel Alegre, sentimos o seu Espírito de Criatividade Musical e de Revolta.
Estive num grande Concerto, na Torre de Belém, em que juntamente com o Brojo e as violas de Aurélio Reis e do Luís Filipe, se apresentaram num memorável espectáculo, em que as guitarras nos davam a sensação dum diálogo, em maravilhosas execuções, freneticamente aplaudidas pela assistência que enchia o recinto.
Certa noite, já em Lisboa a braços com a minha luta no Hospital de S. José, tive o ensejo de ir ouvir o nosso Orfeon Académico de Coimbra, num Sarau no Palácio dos Desportos.
No final o Paradela cantou acompanhado pelo Bagão com sucesso, bastante aplaudido.
O Portugal veio arrancar-me do lugar em que estava sentado e disse - Camacho vem comigo que te vou acompanhar na “Sé Velha”.
De repente rendi-me à sonoridade dos acordes maravilhosos por ele desenhados, na sua Mágica Guitarra, e já ninguém me segurava, a reviver a saudade que senti nesse Momento.
Juro que os agradecimentos dos Aplausos à mistura de vibrantes manifestações ainda hoje me despertam a minha Alma Académica, que é o que me resta, para o resto da vida, e senti naquele momento a devoção do Portugal para com o enorme significado, da palavra Solidariedade.
O Portugal vive connosco e aqui lhe rendo a justiça do seu valor, com eterna gratidão.
Não posso deixar de recordar neste momento, a paixão que dedicava à Fotografia.
Ainda em vida dele, visitei uma Exposição dessas Fotografias patentes num recinto em frente ao Portugal dos Pequeninos, e recentemente no Pavilhão Portugal, onde também estive.
Fixei-me numa imagem atraente duma Corda poderosa, enrolada em nó bem apertado, a uma Argola de Ferro, por sua vez cravada no granito do solo, como é usual nos Cais e Portos de Abrigo, a segurar barcos atracados. Deu-me a impressão que o seu Espírito, encontrou nessa imagem, a ideia duma sensação de Força, de resistência e de Segurança Tenaz para alívio dos seus mais profundos Ideais.
Sofri com grande desgosto o seu desaparecimento e vou revelar, o trágico momento que me calou profundamente na minha Alma.
O Manuel Alegre disse-me que o foi visitar no Hospital onde ele estava a ser seguido, e que lhe disse – Olha que o Camacho te envia um grande Abraço, a que se seguiu uma lágrima que lhe rolou pela face, como que numa última mensagem.
Passo agora à minha segunda recordação e vou lembrar o António Pinho Brojo.
II – ANTÓNIO PINHO BROJO
O Homem
O Artista
O Professor Catedrático e Vice-Reitor da U. de Coimbra, Vice-Bastonário da Ordem dos Farmaceuticos, Participante da Comissão Científica do Instituto Nacional de Investigação Científica
Quando em 1944 cheguei à Eterna Cidade do Mondego, Saudosa Coimbra, recheado de sonhos e da Força da Vida, encontrei o ambiente maravilhoso da Noite, em que a altas horas, se ouviam as Serenatas, envoltos nas capas e guiados pela Boémia Sadia, despida do bafon, e inundada por uma cultura musical, romântica, que faziam bem ao Espirito e à nossa Alma.
Surgiam assim as tradições que nos subjugavam pela força duma Academia e duma Universidade em que a Ciência nunca estagnou.
Era pois a Coimbra que despontava, nos horizontes, acessíveis à ânsia dos nossos anseios.
E nessa riqueza, embrenhados pela Solidariedade que nos irmanava, fui encontrar o génio criativo, duma guitarra de sons misteriosos, de Acordes inigualáveis, e que era o António Brojo.
Ainda hoje, recordo a força com que pisava as cordas, a quem um dia José Régio chamou “os dedos em garra” referindo-se ao Artur Paredes.
O Brojo sentia esse jeito, e força espiritual, para nos surprender, com a vitalidade soberana, com que os sons surgiam, em Acordes inigualáveis, e chegavam até à nossa Alma.
Visitava-o no Calhabé, junto à linha férrea, e ali com o Rodrigues crítico de pintura e que nos chamava a atenção para os Nocturnos do Hébil, e acompanhava o Brojo, segurando os acordes, como 2º guitarra, daquele virtuoso Artista.
A força que projectava, em sons vibrantes e maviosos, obrigava o cantor, a seguir e respeitar o ambiente musical, que se criava nesses saudosos Ensaios.
Por lá aparecia também o Meleiro e o Tavares de Melo, que eram os violas do grupo.
Assim se preparavam as saídas nocturnas, para as Serenatas, ao longo da Noite e pelas Ruas e Vielas, quer no Burgo da Alta, quer junto ao Penedo e à Sé Velha.
Era o início dum Futuro e dum Caminho, recheado de plenos êxitos, desse nosso saudoso Brojo, alma duma guitarra, que se impôs pela Arte genial, com que a segurava e tocava como ninguém, enrolando-se nela e curiosamente por vezes balançando para um e outro lado debruçado sobre as cordas e o som vibrava, em acordes que nos enriqueciam o Espirito pela beleza da ondulação musical.
Naturalmente que para além da Execução existiam nele os atributos indispensáveis a qualquer artista, de elevada qualidade, atributos esses genéticos e que eu penso serem a intuição, a interpretação, a sobriedade e a personalidade, podendo esta última ser aperfeiçoada pela experiência e pelas vicissitudes sofridas ao longo do tempo.
Tudo isso conduz ao virtuosismo destes grandes executantes e a qualquer raro Artista.
Junto à magia desse virtuosismo, havia o Homem da Solidariedade, sempre bem disposto, e assim foi enriquecendo a sua cultura musical.
Recordo já com muita saudade, a Homenagem em vida, que lhe foi prestada no Teatro Gil Vicente, pelos seus alunos da Faculdade de Farmácia, pela Universidade e Reitoria dessa mesma Universidade.
Brindou toda a assistência, completa desse Teatro rendida ao seu virtuosismo, patente quer nas suas Variações, quer nas Introduções e Acompanhamentos dos Cantores.
Assim também decorreu num Espectáculo na Aula Magna de Lisboa, e nomeademente no Centro Cultural de Belém, em que se homenagearam os 40 anos do seu Grupo “Guitarras e Cantares de Coimbra”, que foi outro grande sucesso e com a presença do Portugal, do Rui Pato, do Aurélio Reis e do Luis Filipe, e ainda dos cantores Luiz Goes, do Bernardino, do Mesquita e de mim próprio.
Fez parte da Tuna Académica e do Orfeon dessa geração dos Anos 40 e 50, integrado no Grupo de Fados e Guitarradas, com que se terminavam os Espectáculos, apresentando uma Serenata de Coimbra e que era sempre um grande sucesso.
O Brojo, aliava à sua vida artística, a outra, devoção ao Estudo, que sempre o acompanhou desde o Liceu até ao seu Doutoramento em Farmácia, que o conduziu à Cátedra da Faculdade de Farmácia, e a Vice-Reitor da Universidade de Coimbra e ainda de Vice-Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos.
Foi também participante da Comissão Científica do Institulo Nacional de Investigação Científica.
Além disso era um belíssimo orador que seduzia a aderência dos participantes de Congressos, criando a admiração dos seus colegas, e a devida admiração e amizade dos seus alunos.
Era pois comunicativo e dum temperamento sempre radioso, óptimo contador de histórias académicas que reproduzia com a graça irreverente que o completava.
Conta-se que no convite que lhe foi feito para assumir o cargo de Vice-Reitor da Universidade, só aceitou a Honrosa Distinção, com a condição de continuar a sua vida cultural, ligado à arte da sua admirável guitarra, o que foi dignamente aceite e aplaudido.
Certa noite foi à minha República, que era também do Camilo Araújo Correia, que herdou do pai a arte de bem saber escrever, como brilhante contista, do seu irmão João de Araújo Correia ilustre advogado, do Louzã Henriques, do Flávio, outro advogado, orador de qualidade, do célebre Tossan e do poeta Herbert Helder e Fernando Quintela e de outros belíssimos componentes dessa geração 40-50.
No final do jantar, o Camilo brindou-o e referiu que de Futuro, era o convidado de Honra, pela sua Arte Musical, e pelo belíssimo Companheiro de belíssimo Convívio Fraternal, e dum Óptimo Humanista Comunicativo, atributos de que era possuidor.
Desta forma, assim termino a minha participação num Abraço a todos vós que cumprimos a nossa Homenagem a dois Dignos Expoentes da nossa Guitarra e Canção Coimbrã.
Camacho Vieira
(Texto lido na homenagem a António Brojo e António Portugal, no passado sábado, na Casa da Cultura, em Coimbra)
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