sexta-feira, 5 de março de 2010

AS ANDORINHAS

Música: Jorge Possollo de Leão e Carvalho, dedicada À Exmª. Senhora D. Ana
da Câmara Leme
Letra: Adriano Gonçalves
Incipit: Lá vão ao longe, nos ares
Origem: Coimbra
Data: ca. 1922-1923
Categoria: composições estróficas

Lá vão ao longe, nos ares,
No seu voo triunfal,
Meigas, tristes andorinhas.
Volvem saudosos olhares
Às terras de Portugal
Que elas choram, coitadinhas.(bis)

Seguem tristes, com vagar,
Para outros céus, outras terras,
Donde não voltam, talvez.
Vão saudosas por deixar
Nossos campos, nossas serras,
O lindo céu português. (bis)

Aqui tudo diz amor,
Aqui tudo amor lhes canta,
Desde a serra até ao vale,
Tudo é canteiro em flor,
E o sol que mais encanta
É o sol de Portugal.(bis)

Aqui deixam, com saudade,
Estes mimos de encantar
Deste paíz bem fadado,
Onde Deus, numa outra idade,
Este mundo ao modelar
Pôs o seu maior cuidado. (bis)

Mas pelas manhãs de Abril,
Radiantes de belezas
Com o perfume das rosas,
No seu voo tão gracil
Às odorosas devezas
Voltam belas, venturosas.(bis)

Voltam de novo, felizes,
Ouvir os meigos segrêdos
Desta praia ocidental,
Voltam a ver os matizes,
Das flores, dos arvoredos,
Dos campos de Portugal. (bis)

No canto apenas se repete o último verso de cada sextilha.

Informação complementar
Composição musical estrófica em compasso 4/4 e tom de Mi menor, com introdução e coda. O autor da música, Jorge Carvalho, deixou obra musical significativa, que apesar de ter corrido impressa, não parece ter feito época nem deixado memória. Algumas das peças são dedicadas pelo autor aos seus tios, titulares do baronato de Almofala (particularmente o 2.º titular,
Eduardo Augusto Possolo Correia de Leão. 1880-1933).
Edição musical impressa na casa P. & Santos C.ª., Salão Mozart, Rua Ivens, 52-54, Lisboa, em 1923. Esta canção é a n.º 7 de uma série de 10, intitulada "Cantares de Coimbra", com música deste autor.
Não confundir esta composição com Fado das Andorinhas, gravado em 1910 por António Ferreira, seguindo o estilo vocal Manassés (78 rpm Gramophono 3-62343), nem com Fado das Andorinhas (Porque os meus olhos de apartem), gravado em 1928 por José Paradela de Oliveira (78 rpm HMV EQ 174), o último criação de Paradela de Oliveira conquanto erroneamente atribuído a Artur Almeida d'Eça.
Não conhecemos qualquer registo fonográfico destas "Andorinhas" de Jorge Carvalho.

Transcrição: Octávio Sérgio (2010)
Texto e pesquisa: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes

Projecto: recolha, salvaguarda e divulgação do Património Canção de Coimbra

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