sábado, 8 de janeiro de 2011


Serenata Monumental de 1997. Rui Pimenta canta "Balada do Sol Poente", acompanhado por Fernando Marques e Pedro Nunes em guitarra, José Nunes e Manuel João Vaz em viola. Esta peça foi inicialmente cantada por José Miguel Baptista em 1965, no disco "Portugal: Fados From Coimbra", com acompanhamento em guitarra de Eduardo Melo e Ernesto Melo e em viola por Durval Moreirinhas. Os autores são E Melo e L Ribeiro.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011


Jantar de Fim de Ano na Escola Secundária Avelar Brotero, a 18 de Dezembro de 2002. Octávio Sérgio (g), José Paulo (v,c) e António Ralha (g), este com um pé engessado, mas sempre disponível para estas andanças.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Luiz Goes e Jorge Godinho


Luiz Goes faz hoje 78 anos e Jorge Godinho faria 73 se a morte o não tivesse levado, quando muito tinha ainda para dar à guitarra de Coimbra que tanto amou. Ao Luiz  Goes as nossas felicitações. Para os homenagear, nada melhor que ouvir algumas das suas músicas.

GuitarCelo Trio ao vivo em Viana do Castelo


Pedro Pinto em guitarra de Coimbra, Carlos Costa em viola e Carina Vieira em violoncelo, interpretam Maio de 78 de Jorge Gomes e Fantasia "A Espanhola" de Octávio Sérgio.

Esta é uma foto do grupo de fados da TAUC na Sé do Funchal fazendo uma serenata no dia 30 de Dezembro de 1968. A TAUC foi em digressão de fim de ano ao Funchal para abrilhantar as festas de passagem de ano, a viagem foi feita no navio Funchal e uma das actuações foi esta serenata. O Grupo era composto pelo José Manuel dos Santos (que não aparece na foto), pelo António Bernardino (Berna), os guitarras são o Manuel Borralho e o José Ferraz e as violas são o Rui Pato e o José Borralho. Chovia a cântaros, mas a praça estava repleta.

Rui Pato


Sarau das Universidades em 15 de março de 1968 no Teatro Gil Vicente. Vemos Hermínio Menino (g), António Ralha (g), António José Rocha (v), Adelino Leitão (c), Mário Veiga ... Quem mais?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UM FADO DE COIMBRA



Música: Alexandre Rey Colaço (1854-1928)
Letra: 1.ª e 2.ª quadras populares
Incipit: Vou-me despedir do rio
Origem: local não identificado
Data: ca. 1896-1898

Vou-me despedir do rio,
das pedrinhas de lavar,
não me despeço de ti
só por te não ver chorar.


Lá vai o rio correndo,
ai! quem mo dera apanhar!
O amor é como o rio
foge e não torna a voltar.

Canta-se o 1º dístico e repete-se; canta-se o 2º dístico e repete-se

Informação complementar:

Composição musical estrófica em compasso 2/4, “adagio languido e molto expressivo”, e tom de Si menor, editada em partitura impressa “para canto e piano”. Conheceu grande popularidade entre os serenateiros conimbricenses e nos salões burgueses, tendo atingido pelo menos a 2.ª edição.
Espécime integrável na estética naturalista e regionalista cultivada pelas elites portuguesas nos anos dourados da Belle Époque, convoca a redondilha maior popular e canta a natureza aprazível, funcionando como deleitoso postal ilustrado de motivos “pitorescos”. O reportório romântico-naturalista da Canção de Coimbra passa do binário oitocentista para o quaternário de novecentos, mantendo as redondilhas de inspiração popular e incorporando tentadores ais neumáticos. Como que constitui a faceta cantável e tocável da pintura de ar livre praticada na mesma circunstância por Silva Porto, Carlos Reis ou José Malhoa. O expoente máximo local do ar-livrismo musical é justamente o guitarrista Anthero da Veiga, herança que se mantém por décadas nos solistas de guitarra de Coimbra que deixam um rasto de viras, chulas e pot-pourris.
Uma canção “ecológica”, diríamos hoje, confrontados com o fastio civilizacional provocado pela poluição sonora urbana e pelos apelos vagamente místicos da ideologia engastada no conceito de “paisagens sonoras”, herança do canadiano “world Soundscape Project” cunhado nos sixties por Murray Schafer (mais dados apud LARANJEIRA, José dos Santos, e FERRÉ, Josep Cerdà i – Paisagens sonoras e territórios intangíveis. O resguardo da cultura imaterial. In: anpap. 19.º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas “Entre Territórios” – 20 a 25/09/2010, Cachoeira/Bahia/Brasil, pp. 2677-2688, http://www.anpap.org.br/2010/pdf/cpcr/jose_dos_santos_laranjeira.pdf; CASALEIRO, Paula, e QUINTELA, Pedro – As paisagens sonoras dos centros históricos de Coimbra e do Porto. Um exercício de escuta. VI Congresso Português de Sociologia. UNL/FCSH, 25 a 26 de Junho de 2006, http://www.aps.pt/vicongresso/pdfs7127.pdf) .
Este espécime institui a primeira incursão à nomenclatura dos ulteriormente pululantes “um fado de Coimbra”, “um fado” e “fado de Coimbra n.º”, titulos discutíveis que atingem o auge na década de 1920, denotando: a) o elevado grau de sedução que o Fado e a linguagem fadística exerciam em Coimbra; b) uma certa indolência intelectual que reduzia a prática da Canção de Coimbra a uma situação menor de arte pela arte; d) a fuga à responsabilidade objectiva pelos direitos de autor, ficcionando alguns dos cultores que o reportório herdado/produzido era “popular”, postura de irresponsabilidade que viria a alimentar já no Estado Novo o elefante branco da Canção de Coimbra como um “folclore urbano”(sic).
Não deve confundir-se a obra de Rey Colaço, ideada no estilo das melodias dos serenateiros conimbricenses de finais de oitocentos, com a ulterior composição do guitarrista Paulo de Sá que tem título idêntico. Esta música de Rey Colaço é distinta de uma outra obra do autor, abundantemente gravada nos alvores do século XX com os títulos de “Fado de Rey” e “Fado Rey Colaço” (Acorda minha Teresa), a que andou associada letra do estudante de Direito António Gonçalves Crespo.
Não temos notícia de que esta obra literário-musical tenha sido registada fonograficamente no século XX.
A letra está transcrita conforme figura na partitura impressa, iniciando os versos com minúsculas. A segunda quadra remontará pelo menos ao século XVIII, dela se conhecendo variantes. ALMEIDA, Cabral, na publicação "Ao Hylario". Número único, Lisboa, s/d, Tip. da Livraria Económica, Travessa de São Domingos, 9 a 13, regista uma variante cantada por Augusto Hylario na década de 1890. O referido autor volta a republicar a mesma quadra, com pontuação melhorada em "Ao Hylario". Coimbra: Imprensa da Universidade,
1896:

O Mondego vae fugindo
com quem me dera agarrar;
o amor é como um rio:
foge e não torna a voltar.

Transcrição: Octávio Sérgio (2010)
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho, António M. Nunes

Leitura da partitura em MIDI: