sábado, 27 de fevereiro de 2010

Joel Canhão

Poema que Eduardo Aroso dedicou a Joel Canhão aquando da Homenagem e que saiu depois na Revista Mensageiro, publicação para a qual o grande músico conimbricense também chegou a escrever alguns artigos.
O funeral realiza-se amanhã, domingo, pelas 10 horas, com Missa na Capela da Universidade, partindo depois para Leiria.
Informação de Eduardo Aroso.
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Pode ler a biografia de Joel Canhão em:

http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2005/06/biografia-de-joel-canho-inserta-na.html

Joel Canhão

Faleceu esta noite o Maestro Joel Canhão. O corpo vai para a Capela da Universidade, mas ainda não sei a hora do funeral.

Joaquim Pinho

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A MENINA DOS OLHOS NEGROS

Música: autor desconhecido
Letra: autor desconhecido
Incipit: Menina dos olhos negros
Origem: Brasil
Data: 2.ª metade do século XIX

Menina dos olhos negros,
Ardo por ti de paixão:
Menina dos olhos negros,
Queres tu meu coração?

Como tu não há na terra
Tão linda, tão bela flor;
Menina dos olhos negros,
Queres tu o meu amor?

Da capela dum arcanjo
És luzinha desprendida,
Menina dos olhos negros,
Queres tu a minha vida?

São eles duas estrelas
Tiradas do firmamento:
Menina dos olhos negros,
Queres tu meu pensamento?

Quero ser teu e tu minha,
Por uma doce união,
Dou-te todo o pensamento,
Alma, vida e coração.

Canta-se o 1.º dístico e repete-se; canta-se o 2.º e bisa-se.

Informação complementar:
Canção musical estrófica de melodia vincadamente singela, em compasso 4/4 e tom de Ré Maior. Solfa impressa em César das Neves (1841-1920) - Cancioneiro de Músicas Populares. Volume II. Porto: Typographia Occidental, 1895, p. 84.

Não confundir esta obra com Olhos Negros da Guiné, celebrada composição do folclore da Ilha Terceira que também se cantou nas serenatas de Coimbra (não terá ido de Coimbra para os Açores?).

Transcrição: Octávio Sérgio (2010)
Texto: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes

Projecto: recolha e salvaguarda do património da Canção de Coimbra

A Menina dos Olhos Negros em MIDI sound bite

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ainda a actuação do grupo "Raízes de Coimbra" para o Lions Clube de Ílhavo no passado dia 6 de Fevereiro. Folha d'O Ilhavense, enviada por Ana Maria Lopes.

A TAUC, em conjunto com a Reitoria da Universidade de Coimbra, vai promover um espectáculo musical no dia 2 de Março de 2010, que decorrerá na Biblioteca Joanina pelas 21h30.
Este concerto insere-se na XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, com o tema Causa Pública ? o Público e o Mediático. Participarão a Orquestra e o grupo de Fados da TAUC, e serão recolhidos donativos que reverterão para as vítimas do temporal na Madeira.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

José Afonso


Canto da Primavera JAfonso sound bite


Faz hoje 23 anos que morreu José Afonso. Podemos ouvir o "Canto da Primavera", de sua autoria, tocado por Rui Pato.

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

BALADA DA MOLEIRINHA

Música: popular; adaptação de Eduardo de Melo Lucas Coelho
Letra: popular
Incipit: Ai que lindos olhos tem
Origem: Coimbra
Data: 1962

Ai que lindos olhos tem (bis)
(Ai) A filha da moleirinha (bis);
(Ai) Mal empregada é ela (bis)
(Ai) Andar ao pó da farinha (bis)
(Ai) Andar ao pó da farinha.

Andar ao pó da farinha,
(Ai) Andar ao frio da geada;
(Ai) Mal empregada é ela,
(Ai) Há-de ser a minha amada.
(Ai) Há-de ser a minha amada.

Há-de ser a minha amada,
(Ai) Há-de ser o meu amor;
(Ai) Mal empregada é ela
(Ai) Andar de dia ao calor.
(Ai) Há-de ser o meu amor.

Versão Armando Marta: os dísticos das quadras cantam-se e repetem-se com intercalação de ais neumáticos na transição das frases. O final de cada frase é prolongado com certo arrastamento, como que a remeter para alguns primitivos da Canção de Coimbra. Entre cada copla Armando Marta vocaliza um verso solto que funciona como uma espécie de falso refrão, gracioso expediente que também foi empregue na mesma altura por José Afonso
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Esquema do acompanhamento:

1º dístico: si mi, 2ªsi, si;
2º dístico: si, 2ªsi, si 2ªsi, si.
Verso solto: si, 2ªsi, si
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Informação complementar

Composição musical estrófica para solista tenor ou barítono, em compasso binário composto (6/8) e tom de Si menor.
Tema gravado primeiramente pelo tenor Armando Marta, corria o ano de 1962, acompanhado em 1.ª guitarra de Coimbra por Eduado de Melo, em 2.ª guitarra por Ernesto de Melo, e em viola de cordas de nylon por Durval Moreirinhas no 45rpm EP Rapsódia LDF 044. O acompanhamento guitarrístico presente neste registo é largamente baseado na harmonização concebida por Artur Paredes para Balada de Coimbra (José das Neves Elyseu) no mítico registo fonográfico de 1927.

Gravada em 1964 pelo Coimbra Quartet, Grupo de Fados do Orfeon Académico, constituído pelo barítono José Miguel Baptista, os irmãos Melos, Eduardo e Ernesto, nas guitarras, e Durval Moreirinhas na viola (Discos Philips, mono 631 206 PL, ou stereo 831 206 PY, lançado em 1965). José Miguel Baptista só canta as duas primeiras quadras e, na segunda, no segundo verso vocaliza andar ao pó da geada (em vez de frio da geada). Antecedendo o LP comercializado em 1965 (Fados from Portugal), José Miguel Baptista gravou no decurso de 1964 um EP com os irmãos Melo onde também figurava esta balada.

O cantor português radicado em Paris Germano Rocha gravou também esta balada acompanhado à guitarra por Ernesto de Melo e Jorge Godinho e, à viola, por José Niza Mendes e Durval Moreirinhas. Canta andar ao pó da geada e só as duas primeiras quadras (LP Barclay 86.112).

Cantado na Sé Velha, na noite de 4 para 5 de Maio de 1989, na Serenata Monumental da Queima das Fitas, por Luís Alcoforado (Grupo Praxis Nova). Tema regravado por Luís Alcoforado no LP Coimbra em Canções. Paços de Brandão: Aurastúdios, ano de 1991, Lado B, faixa n.º 9, com Paulo Soares (g) e Carlos Costa/Luís Carlos Santos (vv). Luís Alcoforado modifica o 2.º verso da 2.ª quadra (Ai, andar de noite à geada), e apresenta uma 3.ª copla de cunho popular. Reedição no CD Praxis Nova. Percursos. Colectânea de Canções de Coimbra. Porto: Fortes & Rangel, Lda., CDM 003, ano de 1998, faixa n.º 13. Em nossa opinião o arranjo de acompanhamento idealizado por Paulo Soares para o fonograma de 1991 revaloriza significativamente este espécime, fazendo dele uma das melhores recriações de Luís Alcoforado no pós-sixties.

As coplas são todas elas de origem popular, ocorrendo em diversas recolhas/cancioneiros, incluindo o de Torre de Bera, no Concelho de Coimbra (ouvimo-lo cantar e dançar num filme de ca. 1939-1940, realizado aquando do concurso “A aldeia mais portuguesa de Portugal”).

Em Ançã, Concelho de Cantanhede, estas quadras integram o tema Padeirinha Cf. CD Do terreiro à fonte. Coimbra: Agitarte, AGT 00500, ano de 2000, faixa n.º 5, pelo Grupo Típico de Ançã que utiliza viola toeira na tocata).
Registamos ainda outra ocorrência das referidas quadras no tema popular Moleirinha, recolha de José Ribeiro de Morais - Cancioneiro de Ovelha do Marão. Porto: ELCLA, 1998, pág. 17.

Importa não confundir a Moleirinha, tema integrado na Canção de Coimbra por Eduardo Melo/Armando Marta com o célebre MOLEIRINHA (Pela estrada plana, toque, toque, toque) do antigo estudante de Coimbra Guerra Junqueiro, vindo a lume na obra Os Simples, no ano de 1892, embora datada de 1888.

A Moleirinha de G.Junqueiro foi musicada por distintos compositores como Berta Alves de Sousa, Hermínio do Nascimento, Sadanha Júnior e Tomás Borba. Nos registos efectuados nos últimos anos cumpre citar os do Grupo Folclórico do Porto e do Bando dos Gambosinos (cf. Henrique Manuel Pereira – A música de Junqueiro. Porto: Escola das Artes/Universidade Católica Portuguesa, 2009, com 2 cd anexos).

Temos ainda notícia de A Moleirinha, com música de António Tomás de Abreu Freire de Azevedo Bourbon, dada à estampa na revista Ilustração Portuguesa durante o 1.º semestre de 1915.

Uma nota sobre a melodia. Localidades há onde Moleirinha é considerada uma canção infantil, sem que venha explicitada a radicação geocultural. Na Beixa Baixa foi assinalada uma canção popular, com o mesmo título e letra convergente, cuja melodia constitui inequivocamente a matriz da versão conimbricense. Esta pode ser ouvida numa recolha/arranjo de José Lúcio, disponível em http://www.jose-lucio.com/0%20Moleirinha.htm.

Moleiras e moleirinhas povoam o folclore português, com diferentes melodias, como acontece com uma moda coreográfica recolhida por grupos folclóricos de Ansião, não muito longe de Coimbra. A integração do tema na Canção de Coimbra traduz um exercício urbano lúdico, espelhando o gosto de certas elites citadinas por motivos rurais. Nos mediévicos Contos da Cantuária, uma das deliciosas histórias da antologia fala das artimanhas que os estudantes
usaram para terem relações sexuais com a mulher e com a filha de um moleiro.

Nas margens do Mondego e ribeiras adjacentes muitas foram as azenhas e rodízios de moagem. Nos areais do Mondego, na época estival, havia mesmo o costume de se armarem moinhos provisórios onde se levavam as moendas. Não era vida fácil, nem economicamente rentável a dos moleiros. Os sistemas tradicionais de moagem foram estudados nas décadas de 1950-1960 por etnógrafos como Jorge Dias e Veiga de Oliveira: Jorge Dias/Ernesto Veiga de Oliveira/Fernando Galhano - Sistemas primitivos de moagem em Portugal. Moinhos, azenhas, atafonas (1959); Ernesto Veiga de Oliveira - Moinhos de vento. Açores e Porto Santo (1965); Ernesto Veiga de Oliveira - Moinhos de água em Portugal (1967); Ernesto Veiga de Oliveira/Benjamim Pereira/Fernando Galhano - Tecnologia tradicional portuguesa. Sistemas de moagem (1983).

Engenhos tradicionais de moagem, usados desde o Neolítico (mós manuais) e o Império Romano (atafonas), em plena actividade na década de 1960, desapareceriam em breves anos. Extinta a função original, na actualidade há exemplares musealizados e outros são mantidos como museus-escolas por grupos folclóricos e associações culturais e recreativas no âmbito da recriação do ciclo do pão.

Se um dia se fizer em Portugal um estudo sobre o ciclo do pão, que contemple uma carta dos espécimes musicais associados à actividade moageira e à alimentação, esta Moleirinha criada em primeira-mão por Armando Marta bem merecerá nela seu assento.

A versão de Armando Marta encontra-se remasterizada no CD Coimbra tem mais encanto. Porto: Edisco, ECD 138, ano de 2000, faixa n.º 3.

Uma interpretação de juventude de Luís Alcoforado, acompanhado por Paulo Soares / José Rabaça (gg) e Luís Carlos Santos / Carlos Costa (vv) está disponível em http://www.youtube.com/watch?v=6Im2d3J2Ry8 .

Transcrição: Octávio Sérgio (2010)
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes

ARMANDO MARTA canta Balada da Moleirinha sound bite

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O Clube Aficionados do Fado informa que o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho irá realizar a seguinte actividade:

Actividade: Tributo ao Zeca Afonso;
Local: Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga;
Data: 21:30 h, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 2010;
Entrada: livre

Sugira o CAF a um amigo(a), enviando o seu enderço para aficionadosdofado@gmail.com
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Clube Aficionados do Fado do
Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho
Telemóvel: 960 001 282
grupofados_um@portugalmail.pt
www.aficionadosdofado.blogspot.com
www.grupofadosum.com